Mais de 150 pessoas foram imunizadas durante a manhã na ação, que ofereceu também vacinas contra HPV e febre amarela, a Dupla Adulto, a Tríplice Viral e a nova Meningo ACWY, contra a meningite, que passou a ser ofertada pela rede pública recentemente.
Rápido, fácil e indolor. Foi assim que o comunicólogo Mauro Cléber, 58, definiu a experiência de se vacinar contra o sarampo na manhã deste domingo (28), na Praça da República, no Dia D contra o Sarampo. “Eu e minha esposa viemos passear e, quando vimos o serviço de vacinação, aproveitamos a oportunidade. Pensamos logo na nossa netinha que está chegando e sabemos que precisamos estar bem protegidos”, disse.

Assim como Mauro, crianças, adultos e idosos, que passeavam pela praça aproveitaram para dar um pulinho na Unidade Móvel de Vacinação, estacionada próximo ao Theatro da Paz. A campanha, promovida pela Prefeitura de Belém por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), reforçou a proteção contra o vírus do sarampo e deu uma mãozinha para aqueles que muitas vezes não têm tempo para comparecer a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em busca da imunização.
Mais de 150 pessoas foram imunizadas durante a manhã na ação, que ofereceu também vacinas contra o HPV e a febre amarela, a Dupla Adulto, a Tríplice Viral e a nova Meningo ACWY, contra a meningite, que passou a ser ofertada pela rede pública recentemente.
A iniciativa contou com a participação de 23 profissionais da saúde e é parte da estratégia de prevenção contra o vírus do sarampo do município de Belém, que tem como objetivo ampliar a cobertura vacinal e evitar a reintrodução do vírus na capital paraense.
A estudante de medicina Heloise Batista, 22, de Manaus (AM), visita Belém pela primeira vez e não perdeu a oportunidade de atualizar a carteirinha de vacinação. Ela destacou a facilidade utilizando apenas o cartão virtual do SUS. “Com a carteirinha do SUS disponível on-line podemos sempre atualizar e acompanhar nossas vacinas. Acho excelente também para nos informar sobre quais vacinas ainda estão em falta, garantindo que estejamos sempre protegidos contra doenças e infecções”.

Bebês recebem a “dose zero” contra o sarampo
Para reforçar a proteção contra o sarampo, o Ministério da Saúde (MS) incorporou à estratégia de prevenção uma dose extra da vacina contra o sarampo, voltada para bebês de seis a 11 meses de idade, chamada “dose zero (D0)”. Desde maio deste ano, a rede municipal de saúde conta com a vacina, que vale como um reforço para a faixa-etária e não substitui o calendário posterior de imunização contra o vírus.
A costureira Júlia Coelho, 25, soube através de uma publicação nas redes sociais sobre a campanha de vacinação e aproveitou para atualizar a carteira de vacinação do marido Alan, 31, e do filho João, de 8 meses. “Eu sempre mantenho as vacinas do meu bebê em dia e, dessa vez, já trouxe também o pai, porque ele não gosta muito de se vacinar. Consegui convencê-lo, pois ele trabalha com o público e tem muito contato com pessoas. Assim, evitamos que ele acabe trazendo alguma doença para casa”.

Casos recentes exigem reforço da vacinação
Até agosto de 2025, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) registrou mais de 10 mil casos de sarampo e 18 mortes em dez países da América Latina, o que representa um crescimento de 34 vezes em comparação com o mesmo período de 2024. Diante desse cenário, a entidade solicitou o reforço da vacinação aos países da região das Américas como resposta ao aumento de casos.
Em novembro de 2024, o Brasil conquistou pela segunda vez a certificação internacional de área livre do sarampo ds Opas e da OMS. No entanto, com os recentes casos, houve a reintrodução do vírus no País, em estados como o Tocantins. Em Belém, o último caso registrado do vírus foi em março de 2021. Apesar do alerta da Opas para o continente, a procura pela vacina contra o sarampo no município ainda é baixa e ainda não atingiu a cobertura ideal de 95%, indicada pelo Ministério da Saúde.
A coordenadora do programa de imunizações da Sesma, Cleise Soares, explicou que devido à ampla cobertura vacinal no passado e o desaparecimento da doença no Brasil, muitos pensam que a vacinação é dispensável. “Muitas pessoas já não têm noção da gravidade do sarampo porque não veem mais casos da doença. Acabam pensando: ‘é coisa do passado, não acontece mais’. Isso faz com que percam a percepção de risco e não entendam a seriedade do sarampo. Ou seja, mesmo ouvindo sobre os casos em outros países, não se sentem sob risco, o que é preocupante”.

Preparação para grandes eventos
A proximidade de eventos em Belém, como o Círio de Nazaré e da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), é um fator determinante para que a campanha seja ampliada, já que é o momento em que milhares de pessoas se preparam para visitar a cidade.
Cleise reforçou a importância da prevenção com o aumento de visitantes internacionais e a circulação de vírus como o sarampo. “Considerando que estamos suscetíveis ao sarampo e que muitas pessoas de outros países, onde os programas de imunização não são tão consolidados quanto o nosso, podem vir desprotegidas e trazer o vírus, é fundamental que protejamos nossa população. Ao nos vacinarmos, mesmo que o vírus chegue, teremos menor risco de sermos acometidos”.
O psicólogo Sergio Barbagelata, 54, foi uma das pessoas que compareceu ao espaço de vacinação da Sesma, visando também já estar protegido durante os períodos de maior movimentação na cidade. “Considerando que em breve teremos a COP, que vai trazer pessoas do mundo todo, e antes teremos o Círio, com um fluxo enorme de visitantes, acho extremamente importante que todos se vacinem. Quando nos protegermos, também protegemos a comunidade”.

Vacina está disponível nos postos de saúde
O sarampo é um vírus altamente contagioso, que pode levar ao óbito, e assume a sua forma mais grave em crianças. Os principais sintomas da doença incluem febre e manchas vermelhas que começam no rosto, se espalham pelo corpo e geralmente não coçam, além de tosse, coriza ou conjuntivite. Em caso de suspeita, o paciente deve buscar atendimento em qualquer unidade básica de saúde (UBS). Já nos casos em que os sintomas sejam mais intensos, ou apresentem complicações, a recomendação é procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
O esquema vacinal contempla pessoas de 12 meses de idade a 59 anos. A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível em todas as UBSs com sala de vacinação, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Além disso, a Sesma promove regularmente ações de imunização, como a que ocorreu na Praça da República neste domingo, e a busca ativa por casos suspeitos nos bairros do município. É importante lembrar que a imunização é um ato de cuidado coletivo e uma responsabilidade de todos.