Profissionais das áreas de turismo e gastronomia receberam formação sobre as oportunidades que o título da Unesco que tornou Belém Cidade Criativa da Gastronomia apresentam.
Um dos pontos fortes do turismo em Belém é sua gastronomia. Esse reconhecimento ganhou notoriedade com a eleição da capital como Cidade Criativa da Gastronomia pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2015.
Com o objetivo de esclarecer o que representa esse título para a cidade, as suas implicações e as oportunidades que dele decorrem, foi realizado na manhã desta quarta-feira, 24, no auditório da Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem), o curso teórico “Apresentando Belém Cidade Criativa da Gastronomia”, voltado para profissionais dos setores turístico e gastronômico.
De acordo como professor Mário César Carvalho, que ministrou o curso, o objetivo da iniciativa é provocar uma reflexão sobre a importância desse título para Belém, capaz de guiar estratégias de políticas públicas para a cidade.
“Quanto mais a sociedade civil entender o papel dessa designação, o compromisso que assumimos junto às Nações Unidas para tornar Belém um território mais sustentável, a gente vai entender e até cobrar dos nossos governantes que haja políticas públicas para trazer essa equidade para todas as camadas sociais envolvidas na gastronomia”, afirmou o professor, que é ainda pesquisador e auxilia na gestão da Cátedra Unesco de Economia Criativa e Políticas Públicas.

No mundo, existe uma rede de cidades criativas da Unesco, em diferentes categorias, entre elas a gastronomia. No Brasil, além de Belém, outras cidades eleitas como cidade criativa da gastronomia são Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC) e Paraty (RJ).
O diretor de Desenvolvimento e Negócios da Codem, Luis Rodrigo Teixeira, que também é ponto focal de Belém da Unesco, destaca a importância de disseminar informações sobre o significado desse selo.
“Esse selo tem um impacto tanto na nossa economia criativa como na economia em geral, na gastronomia e no turismo como um todo”, explica o diretor, que ressaltou a importância de ter empreendedores participando do curso. “O empreendedor é quem está na ponta, é ele que está recebendo esses clientes e turistas e botando à prova a economia criativa”, afirmou.
A história por trás daquilo que se come
Mais do que ofertar comidas únicas e saborosas, é importante mostrar o que está por trás do nosso alimento: a história, a cultura, os saberes tradicionais passados de geração em geração, a economia sustentável movimentada. Esse foi o tom da discussão realizada no curso, que contou com a participação de representantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seccional Pará (Abrasel-PA), profissionais do turismo e empreendedores.
Para a presidente do Sindicato dos Guias do Estado do Pará (Singtur-PA), Carla Leite, o curso garantiu um aprendizado aos profissionais locais para abraçar cada vez mais e com mais qualidade os turistas que visitam Belém.
“A gente consegue abrir os nossos horizontes. Eu acredito que essa informação é de grande importância, porque para o profissional da ponta, no caso os guias de turismo, agrega valor, porque aí você tem mais informações, pode fazer comparações e mostrar para o cliente, o turista, que ele está num local onde a gente não só vive o turismo, mas a gente entende sobre o que oferecemos”, afirmou Carla, que é turismóloga e guia de turismo.
O curso também mostrou sobre como a gastronomia paraense une tradição, biodiversidade amazônica e criatividade. E Carla Leite percebeu a importância do estudo constante dessas informações.
“O que a gente precisa fazer na nossa base é o estudo constante da gastronomia, da história, da cultura, do artesanato… E aqui em Belém, num momento tão importante como esse, que é da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), a gente poder mostrar toda a nossa diversidade, a nossa destreza, desde a base, que é comunitária, da colheita até o produto final, realmente nos enche de satisfação”, afirmou.